quarta-feira, 9 de abril de 2008

1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

Os factores determinantes da evolução histórica são as descobertas científicas e tecnológicas que modificam de uma forma irreversível a vida do Homem sobre a Terra. A prosperidade e o prestígio das Nações resultam principalmente da capacidade de adaptação às novas situações resultantes das alterações provocadas pelas descobertas cientí-ficas e tecnológicas.

A Idade Média foi a Idade da Agricultura e da Religião. Durante a Idade Média, a política dos Estados era a política de expansão territorial e de expansão da Fé. A reduzida capacidade dos transportes terrestres tornava muito difícil as relações entre as várias comunidades que, por isso, eram obrigadas a resolver todos os seus problemas a nível local. Na guerra predominava a «fortificação», ou seja, o castelo, dentro do qual um pequeno punhado de combatentes podia fazer frente durante longos meses ao assédio de grandes exércitos. Destas circunstâncias resultou o sistema político designado por Feudalismo.

Nos começos do século XV os Portugueses transformaram a caravela num navio oceânico, desenvolveram as técnicas de navegação astronómica e descobriram o regime de ventos no Atlântico Norte e no Atlântico Sul, o que permitiu aos Europeus estabelecerem relações marítimas regulares com a África a sul do Sara, com as Américas, com a Índia, o Sueste Asiático, a China e o Japão. Ao mesmo tempo generalizava-se o uso das armas de fogo e da imprensa, relegando para segundo plano a Nobreza feudal e o Clero. E assim começou uma nova Idade, a Idade Moderna, em que o comércio marítimo transoceânico e os grandes impérios coloniais passaram a ser o factor determinante da riqueza e do prestígio das nações. Pequenos países como foi o caso de Portugal, da Holanda e da Inglaterra tornaram-se grandes potências a nível mundial. O feudalismo morreu, reforçou-se o poder real e floresceram as monarquias absolutas que fizeram a grandeza da Europa e a tornaram senhora do Mundo.

Ao principiar o século XIX entrou em cena a máquina a vapor que multiplicou por milhares a força do Homem e dos animais. A partir de então as descobertas científicas e tecnológicas sucederam-se a um ritmo alucinante: o motor de combustão interna, a electricidade, o telefone, o automóvel, o avião, a rádio, a indústria química, as vacinas, o cinema, etc. Por breves momentos pensou-se que o Homem tinha finalmente acabado por conseguir construir o Paraíso na Terra! As antigas monarquias absolutas foram varridas e foi criado um novo sistema político designado por Democracia Parlamentar, dominado pela classe de Poder Económico, ao qual se opuseram sem êxito vários tipos de sistemas políticos ditatoriais: fascismo, nacional-socialismo, comunismo, etc. É costume designar esta nova Idade por Idade Contemporânea. Mais correcto será designá-la, a partir de agora, por Idade da Indústria, como aliás já o estão fazendo alguns historiadores.

A partir do termo da Segunda Guerra Mundial novas descobertas científicas e tecnológica vieram, mais uma vez, alterar profundamente o modo de viver do Homem: a construção de milhares de armas atómicas com um poder destruidor apocalíptico que tornaram a guerra entre as grandes potências industrializadas impensável; os antibióticos e outros avanços de Medicina que criaram o pesadelo da explosão demográfica; o aumento desvairado da produção industrial, arrastando consigo o problema aparentemente insolúvel de um aumento da poluição capaz de pôr em perigo o próprio «habitat» da espécie humana; o alargamento cada vez maior do fosso que separa os «ricos» dos «pobres», tanto a nível nacional como internacional, gerador de tensões internas e entre países cada vez maiores; a Televisão, a Internet e os computadores que revolucionaram por completo os sistemas de informação e os métodos de trabalho.

Parece-nos evidente que já estamos vivendo numa nova era histórica, que talvez possa ser chamada a Idade da Ecologia, em que as preocupações predominantes de crescimento económico a qualquer preço terão de ser contrabalançadas por preocupações igualmente firmes de respeito pela Natureza, de controlo do crescimento populacional, de harmonia social e de cooperação internacional.
Com a mudança dos grandes períodos históricos muda inevitavelmente o sistema político. Ao Feudalismo sucedeu a Monarquia Absoluta e a esta o Parlamentarismo e as Ditaduras. Será que qualquer destes sistemas continua adaptado às circunstâncias actuais? Cremos que não. Um e outro desempenharam a sua função na época própria, na época da Indústria, mas, como seria de esperar, encontram-se claramente desajustados da realidade actual. A pergunta a fazer será esta: qual a alternativa ao Parlamentarismo e à Ditadura?
Pensamos que a resposta será uma Democracia participativa tirando partido das novas tecnologias de informação.

Nenhum comentário: